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Península Ibérica

Pré-História
A história registra a presença do homem na Península Ibérica desde a época em que as sociedades agrárias substituiram a tecnologia da pedra pela do metal, reunindo elementos para a iniciação da escrita, essencialmente durante a Idade do Ferro, cuja utilização começou a ser importada do Oriente através dos Celtas, a partir do ano 1200 A.C.

Povos Ibéricos Pré-Romanos
Foram os gregos que nomearam a Ibéria, sendo provável que por causa do Rio Ebro (Iberus). Entre os anos 1200 e 1000 A.C., a região norte e ocidental da Península Ibérica foi sendo ocupada por povos Indo-Europeus (Tartessos, Cónios e Celtas), que passaram a coexistir com os povos Aquitânicos (Aquitanos, Autrigones, Caristii, Varduli e Vascões)  e Iberos (Ausetanos, Bastetanos, Bastuli, Cessetanos, Contestanos, Edetanos, Ilercavones, Ilergetes, Indigetes, Laietanos e Oretanos), ali estabelecidos a alguns milenios.

Os Tartessos foram herdeiros da cultura megalítica andaluza que se desenvolveu na área das atuais Huelva, Sevilha e Cádiz, com influencias egípcias e fenícias.

Os Conios foram os habitantes dos atuais Algarve e Baixo Alem Tejo, ao sul de Portugal, em período anterior ao século VIII A.C., até serem integrados à Provincia Romana da Lusitania.

Os Celtas foram um conjunto de povos organizados em múltiplas tribos, que ocupou desde a Península Ibérica até a Anatólia. Eles se uniram aos Iberos, surgindo deles os Celtiberos, cuja aliança se tornou mais forte a partir do século I A.C., contra os romanos.


Mapa Étnico-Linguistico da Península Ibérica cerca de 200 AC - Wikipédia


Invasão Romana
As Guerras Púnicas (Poenici - ascendencia fenícia) foram três conflitos entre a República Romana e a República Fenínia de Cartago, entre os anos de 264 e 146 A.C., que resultou na total destruição desta e o domínio, por Roma, do Mar Mediterraneo.

Roma iniciou a anexação da Península Ibérica aos seus domínios após a Segunda Gerra Púnica, que ocorreu entre os anos de 218 A.C., data da declaração de guerra de Roma após a destruição de Sagunto (Morvedre, Espanha), e 201 A.C., quando o general cartaginês Anibal e o general romano Cipião Africano, com a derrota de Cartago na Batalha de Zama (202 A.C.), assinaram os termos de rendição.


Mapa da conquista romana da Hispania entre 219 e 29 A.C. - Wikipédia


A ocupação dos territórios conquistados não foi pacífica. Entre 194 e 138 A.C., foram registrados choques com tribos de nativos denominados Lusitanos, onde destacou-se a liderança de Viriato, assassinado em 139 A.C., enquanto dormia, por seus companheiros, subornados pelo general romano Servilio Cipião.
"Os hispanos tem o corpo preparado para a abstinencia e fadiga, e ânimo para a morte: uma dura e austera sobriedade para todos. (...) Em tantos séculos de guerra com Roma, não tiveram nenhum outro capitão a não ser Viriato, um homem de tal virtude e continencia que, depois de dez anos, nunca quis distinguir-se, no seu modo de vida, de qualquer soldado raso." - historiador Trogo Pompeu.
Somente no século I conseguiu-se a Pax Augusta (pacificação de Augusto, ao iniciar a fase imperial romana). A partir de 19 A.C., com o fim das Guerras Cantábricas, as legiões romanas ocuparam a região norte peninsular.
"Agil, belicoso, inquieto. A Hispania é distinta da Itálica, mais disposta para a guerra por causa do agreste terreno e do genio dos homens." - historiador Tito Livio.

A Romanização
A Romanização dos habitantes da Península Ibérica foi acontecendo à medida que se dava sua conquista, progredindo da costa mediterrânica ao interior e à costa atlântica. Foram determinantes para essa aculturação a expansão do latim e a fundação de cidades pelos legionários, que constituiam famílias se miscigenando com as populações nativas e fixando seus costumes, e pelos comerciantes, que foram condicionando a economia da época, a produção e o consumo.

Durante os seis séculos de romanização que se seguiram, a história registrou períodos de acentuado desenvolvimento que, sem dúvida, atenuaram as diferenças étnicas do povoamento primitivo. A língua latina se impos como lingua oficial, facilitando a comunicação e ligação entre os vários povos e tribos. Povoações que até então viviam nas montanhas, passaram a ocupar os vales e planícies, em casas de tijolos cobertas com telhas.

A industria cresceu, principalmente as minas, as pedreiras, as olarias e as tecelagens, desenvolvendo o comércio, com o surgimento de mercados e feiras, a circulação da moeda e a utilização da extensa rede viária - calçadas romanas -  que ligava os principais centros de todo o império.

Administrativamente, a província romana da Hispania foi dividida em: Tarraconense (norte e nordeste, até os pirineus); Bética (sul); e Lusitania, com capital em Emerita Augusta (atual Mérida), entre os ruos Douro e Guadiana. Foi uma fase marcada pela paz e prosperidade econômica, onde a maioria das cidades foi adquirindo sua autonomia.

As Invasões Bárbaras
Foram migrações ocorridas, a partir de 409, de vários povos Germânicos (Alanos, Suevos e Vândalos) para a Lusitania (centro e sul de Portugal, Cáceres, Badajoz, Salamanca e parte da Segovia e Madrid, na Espanha), violentamente arrancados de suas terras pelos hunos. Essas migrações alteraram a organização da região, marcando a transição da Antiguidade para a Idade Média.


Peninsula Ibérica antes da queda de Roma - Wikipédia


Depois de instalados, esses grupos de bárbaros não encontraram grandes resistencias por parte da população nativa. Com a invasão, desapareceram todos os quadros do Estado, permanecendo apenas a organização eclesiástica, sendo a maior parte dos hispano-romanos cristãos. Os Suevos, ainda no século V, aceitaram a nova religião, que também foi aceita, mais tarde, pelos Visigodos, que substituiram o domínio romano na Hispania, reinando no período de 418 a 711.

Reino Visigodo no século VI - Wikipédia

Os Visigodos surgiram no século IV, participando de várias guerras com os romanos, chegando a saquear Roma em 410, sob o comando de Alarico I. Nos anos que se seguiram, o Rei Ataulfo estabeleceu-se com os visigodos no sul da Gália e na Hispania. Até conquistar o domínio sobre toda a Península Ibérica, os visigodos enfrentaram os suevos, alanos e vândalos que haviam ocupado a região antes de sua chegada.

Durante o reinado de Leovigildo, a unidade do reino enfrentou um problema religioso, uma vez que os visigodos professavam o arianismo e os hispano-romanos, o catolicismo, mas em 8 de maio de 589, durante o Terceiro Concílio de Toledo, Recaredo I, filho de Leovigildo, converteu-se à Fé de Roma, iniciando uma forte aliança entre a monarquia visigoda e a igreja católica ibérica.

A Invasão Muçulmana
Foi uma serie de deslocamentos militares e populacionais iniciados quando tropas islâmicas oriundas do norte da África, comandadas por Tariq ibn Ziyad, do Exército Omíada, cruzaram o estreito de Gibraltar, e venceram Rodrigo, o último rei dos visigodos na Hispania, na batalha de Guadalete, em 31 de julho de 711. A Peninsula foi conquistada no período de cinco anos por Tariq, Musa ibn Nusayr (governador da Ifriqiya, atual Tunisia) e Abd al-Aziz (filho de Musa).

Entre 714 e 716, o território que corresponde atualmente a Portugal, foi conquistado por Abd al-Aziz. A chegada dos árabes e berberes foi comemorada pelos judeus, perseguidos desde a conversão ao catolicismo do reino visigodo, onde, através dos concílios, determinaram o batismo forçado de crianças filhas de casamentos entre judeus e cristãos e proibiram judeus de praticarem o comércio com cristãos, levando muitas famílias à ruína. Muitos judeus abriram as portas das cidades para facilitarem o avanço das tropas islâmicas e ofereceram-se como guardas ao serviço dos novos senhores.

Em 756, o único sobrevivente do massacre da família Omíada, principe Abd al-Rahman (Abderramão I), fundou o emirado omíada de Córdoba, que governou grande parte da Ibéria, denominado al-Andalus, até 1033. O estabelecimento do governo em Cordoba representou uma ruptura do restante do Império Islâmico, governado pelos Abássidas (terceira dinastia de califas árabes). Em 929, o emir Abd al-Rahman III declarou-se califa, o que conferiu independencia política e religiosa a al-Andalus. O califado foi o período de esplendor da civilização islamica na Península Ibérica.

A Taifa de Badajoz
Entre 1009, quando o califa Hisham II foi obrigado a abdicar, e 1031, quando foi formalmente abolido o Califado de Córdoba, sucederam-se no trono nove califas, das dinastias omíada e hammudida, em meio a uma grande anarquia, que se refletiu na independencia das taifas (principados muçulmanos independentes) existentes em al-Andalus, entre elas, a taifa de Badajoz, na Estremadura, Espanha.

Mapa político da Ibéria em 1031 - Wikipédia 

Por volta de 1012, a região de Wadi Ana (Guadiana) e de al-Taghr al-Adna caiu nas mãos de Sabur, ex-escravo do califa al-Hakam II, assumindo o título de hadjib, tendo como ministro Abd Allah ibn Muhammad ibn Maslama ibn al-Aftas, um notável beber do grupo Miknasa. Com a morte de Subur, em 8 de novembro de 1022, ibn al-Aftas aproveitou para se proclamar como hadjib, com o título de al-Mansur, dando inicio à dinastia Aftasida, que reinou sobre Badajoz, tornando-a em emirado.

Emirado de Batalyaws (Taifa de Badajoz) em 1037 - Wikipédia

Ele foi invadido e conquistado diversas vezes pelos reinos vizinhos. Em 1151, após um curto periodo como reino independente, foi ocupado pelos Almóadas, e em 1169, foi conquistado por Portugal, que o perdeu um ano depois, para os Almóadas. Somente em 1230, Badajoz é finalmente ocupado por Afonso IX de Leão.

A Reconquista Cristã
O periodo entre 711 e 1492 foi marcado pela presença de governadores muçulmanos na Península Ibérica. A Reconquista Cristã teve inicio ainda no século VIII, com objetivo de recuperar as terras perdidas para os árabes, durante a invasão da Península Ibérica pelos muçulmanos. Os visigodos cristãos se refugiaram nas Astúrias, ao norte da Península.

Pelayo, fundador e primeiro rei das Astúrias (718-737), durante a batalha de Covadonga (722), liderando um grupo de visigodos cristãos refugiados, derrotou os muçulmanos, forçando-os a se retirarem da região cantábrica. O Reino das Asturias foi o embrião dos outros reinos cristãos ibéricos.

Cronologia da Reconquista Cristã - Wikipédia

Fonte: Wikipédia