Nome do Familiar que deseja consultar

Senhorio de Alburquerque

Foto: spainisculture.com

As origens de Alburquerque, localizada na provincia de Badajoz, ao sul da comunidade autónoma de Extremadura, na Espanha, datam da pré-historia, comprovadas atraves de vestigios e artefatos encontrados, como sepulturas, pontas de flechas, litografias e pinturas rupestres, entre outros. Alguns estudiosos afirmam que Alburquerque foi fundada por vetonnes, povo celta pré-romano, por volta de 590 A.C.

A invasão muçulmana (a partir de 711) e as guerras que se seguiram para a reconquista cristã (entre 718 e 1492), fizeram de Alburquerque uma constante área de conflito, ora tomada por cristãos, ora por muçulmanos, e, outras vezes, completamente abandonada.

Em 1166, os cristãos, sob o comando de Fernando II de Leão (1137-1188), com o apoio de Sancho VI de Navarra (1136-1194), tomaram Alcantara e Alburquerque dos Almóadas; em 1171, Fernando II doou Alburquerque à recem criada Ordem Militar de Santiago; em 1184, a ofensiva muçulmana, comandada pelo Califa Abu Yaqub Yusuf al-Shanid (1135-1184), arrebatou Alburquerque.

Em fins de 1217 e início do ano seguinte, Alburquerque estava "abandonada", quando Alfonso Tellez de Meneses (1161-1230), o "Velho", ocupou o castelo e povoou a vila com seus vassalos portugueses, reparando as muralhas e fortes como pode, para resistir às investidas dos mouros de Badajoz.

Durante os sete anos seguintes, Alfonso Tellez guerreou contra os mouros a partir de Alburquerque, muitas vezes impondo-lhes apertado cerco, que o obrigava a defender-se desesperadamente, inclusive vivendo periodos sem mantimentos, apenas com carne e água. Chegou a pedir a mediação do Papa Honorio III (1165-1227), que atraves de uma bula, datada de 15 de julho de 1225, determinou aos freis calatravos que ajudassem Alfonso Tellez quando Alburquerque fosse atacada pelos muçulmanos.

Papa Honorio III - Wikipedia

Com a morte de Alfonso Tellez de Meneses, o Senhorio de Alburquerque foi herdado por Juan Alfonso Tellez de Meneses (1215-1268),  casado com Berenguela Gonzalez Giron, filha de Gonzalo Rodriguez Giron, Mordomo Mor de Alfonso VIII e de Fernando III de Castilla, e sua mulher, Marquesa Perez de Villalobos.

Juan Alfonso Tellez de Meneses foi sucedido, no senhorio, por Rodrigo Yãnez de Meneses, casado com Teresa Martinez de Soverosa, filha de Martin Gil de Soverosa e sua mulher, Inês Fernandez de Castro. Seu único filho, Juan Alfonso de Meneses (1265-1304), Mordomo Mor de Diniz de Portugal (1261-1325) e 1º Conde de Barcelos (1298-1304) herdou-lhe os bens, tornando-se o 4º Senhor de Alburquerque.

Juan Alfonso de Meneses casou-se duas vezes: a primeira, com Teresa Sanchez, filha ilegitima de Sancho IV de Castilla (1257-1295), e a segunda, com a aragonesa Maria Ximenez Coronel, filha de Pedro Coronel e Urraca Artal de Luna, de quem teve duas filhas: Violante Martinez de Meneses, casada com Martim Gil de Sousa (1260-1312), filho de Martim Gil de Riba de Vizela e Milia Andrez de Castro; e Teresa Martinez de Meneses (-1350), casada com Alfonso Sanchez de Portugal (1286-1329), filho reconhecido do Rei Diniz I de Portugal (1261-1325) com Aldonza Rodriguez de Telha. 

Com a morte de Juan Alfonso de Meneses, o genro Martim Gil de Sousa, então Mordomo Mor do Rei Diniz, requereu o título nobiliário e senhorio de Barcelos para sua mulher, o que foi concedido em 15 de outubro de 1304, se iniciando, daí, um litigio com Alfonso Sanchez, o outro genro de Juan Alfonso de Meneses, que somente foi resolvido por sentença do tribunal régio, datada de janeiro de 1312: Martim Gil manteve o título de Conde de Barcelos e o respectivo senhorio, enquanto a Alfonso Sanchez foi concedido o senhorio e o Castelo de Alburquerque. Martim Gil ficou tão ofendido com a sentença que se exilou em Castela, falecendo no final daquele mesmo ano. Com sua morte, Alfonso Sanchez assumiu as funções de Mordomo Mor do Rei e o condado de Barcelos foi concedido a Pedro Alfonso (1287-1354), também filho do Rei Diniz I de Portugal e Aldonza Rodriguez de Telha.

Alfonso Sanchez obteve, de seu pai, o rei, o título de Conde de Alburquerque, tendo disposto a vila e o castelo em favor de seus irmãos e de seu tio Alfonso Diniz, após seu falecimento. 

Da união de Alfonso Sanchez e Teresa Martinez de Meneses nasceu Juan Alfonso de Alburquerque (1305-1354), 2º Conde de Alburquerque - e seu 6º senhor, que ficou conhecido como "o do Ataúde", que foi tutor e depois Mordomo Mor de Pedro I de Castilla (1334-1369). 

Do casamento de Juan Alfonso de Alburquerque com Isabel Tellez de Meneses (1310-1370), filha de Tello Alfonso de Meneses (-1315) e Maria de Portugal (1290-), nasceu Martim Gil de Alburquerque (1325-1365), que como o pai, foi assassinado por envenenamento, a mando de Pedro I de Castilla. Com a morte de Martin Gil sem descendencia legítima, foi extinta a varonia dos Alburquerque e dos Meneses, e os bens originados de doações régias, como a vila e o castelo de Alburquerque, foram retomados pelo rei de Castilla.

Em abril de 1366, Sancho de Castilla (1342-1374), filho ilegitimo de Alfonso XI e Leonor de Guzman (1310-1351),  foi nomeado Conde de Alburquerque por seu irmão, Enrique II, proclamado rei de Castilla e Leon, após uma batalha onde expulsou o meio irmão, Pedro I de Castilla, responsável por vários assassinatos, inclusive o de Leonor.

Sucedeu-lhe o filho Fernando Sanchez de Castilla (1373-1385), morto aos 12 anos de idade; e a filha Leonor Urraca Sanchez de Castilla (1374-1445), 3ª Condessa de Alburquerque e Rainha Consorte de Aragon, por seu casamento com Fernando I de Aragon (1380-1416).

Enrique de Trastâmara (1400-1445), terceiro filho varão de Fernando I e Leonor Urraca, foi o 4º Conde de Alburquerque entre 1416 e 1430, quando através da "Trégua de Majano" (1430), assinada por João II de Castilla (1405-1454) e Alfonso V de Aragon (1396-1458), os infantes de Aragon, que no ano anterior haviam declarado guerra e invadido Castilla, foram expulsos das terras castelanas e tiveram confiscados seus títulos e bens naquele reino. 

Após se apropriar dos títulos e bens do Condestável Rui Lopez Davalos, mediante a instauração de um processo, em 1423, onde o nobre foi falsamente acusado de manter tratos com os muçulmanos para despojar o rei Juan II de Castilla de suas posses, e com o exílio de Enrique da Trastâmara, Alvaro de Luna (1388-1453) se apossou do Castelo de Alburquerque, nele realizando reformas e ampliações, como a Grande Torre da Homenagem.

Em 10 de setembro de 1445, Juan II de Castilla concedeu o condado de Alburquerque a Alvaro de Luna; passados oito anos, em 1453, cedendo às pressões de Isabel de Portugal (1428-1496), sua segunda mulher, para ignorar seu homem de confiança, diante de tantas intrigas, abusos e assassinatos por ele encomendados, o rei Juan II determinou a prisão de Alvaro de Luna, que foi processado, condenado e decapitado em praça pública. A vila e o castelo de Alburquerque retornaram à coroa de Castilla.

Em 22 de novembro de 1464, Enrique IV de Castilla (1425-1474), filho de Juan II, concedeu a seu homem de confiança, Bertran de La Cueva (1443-1492), o Ducado de Alburquerque, criado para ele, como forma de recompensá-lo por ter sido obrigado a renunciar ao Mestrado de Santiago, atendendo às pressões e críticas dos nobres, entre os quais, Juan Pacheco, Marques de Vilhena. Entre 1464 e 1994, a Casa Ducal de Alburquerque teve dezenove duques, sendo o atual Juan Miguel Osorio y Bertran de Lis (1958-).

Bertran de La Cueva - Wikipedia
Juan Miguel Osorio - Wikipedia

Fonte: